João Antônio de Paula
Fabrício Fernandino
Esta exposição pretende lembrar fatos dolorosos, que não podem cair no esquecimento, pois a memória é um modo de resistir e projetar um futuro melhor.
Esta exposição quer lembrar e homenagear pessoas, algumas poucas entre as muitas que resistiram e contraditaram a ditadura:
Gildo Macedo Lacerda,
Juarez Guimarães de Brito,
Carlos Alberto Soares de Freitas,
João Batista Franco Drumond,
ex-alunos da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, mortos pela ditadura.
Belo Horizonte / Diamantina, setembro de 2014.
O golpe civil-militar de 1964 é um dos episódios marcantes da história brasileira, no século XX. Buscar compreender aquele processo é, para a universidade, tanto um dever de ofício, como, decisivamente, um gesto de denúncia das iniquidades cometidas pela ditadura civil-militar, em sua longa vigência – 21 anos. E, igualmente veemente, é buscar a afirmação da democracia, da liberdade, da verdade, da justiça, da solidariedade como valores essenciais.
Este XVI Seminário sobre Economia Mineira, promovido pelo CEDEPLAR, vai abordar, sob mais de um aspecto, o golpe de 1964 e seus desdobramentos. Com essa exposição, pretende-se compor uma narrativa sobre o golpe, utilizando-se de livros e revistas publicados, antes e depois de 31 de março de 1964, registros da complexa trama de determinações que estão na gênese tanto do golpe, quanto de seus desdobramentos imediatos.
Com efeito, a exposição busca ser um painel compreensivo e abrangente das tensões, conflitos, classes, conceitos, projetos, interesses, que marcaram a sociedade brasileira, nos anos 1950/60. O golpe de 1964 foi a solução provisória, naquele momento, para contradições que permanecem, na medida em que a modernização conservadora, empreendida pela ditadura militar, significou a reiteração das crônicas mazelas da sociedade brasileira: a concentração da renda e da riqueza, a exclusão e a marginalização social de amplos contingentes da população.
O recorte temporal adotado para a exposição tem, como marco inicial, o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, e abarca os primeiros anos pós-1964, com as primeiras tentativas de interpretação do golpe e as primeiras iniciativas da luta contra a ditadura.
O material da exposição – livros e revistas – pertence a coleção particular, e permite uma leitura ampla do processo, pelo acompanhamento da produção bibliográfica, que refletiu, a cada momento, as grandes questões em debate, seus sujeitos e propostas.